O contador de estórias

Yacob era um homem feliz. Ele tinha um grande amor por seus semelhantes, mas o mundo à sua volta lhe parecia brutal, com a alma seca, com o coração sombrio. Isso lhe fazia sofrer e ele se perguntava: como tornar esse mundo melhor?


Numa manhã de sol, ele teve a idéia de contar estórias para aquela gente. Pensou que através delas poderia tornar as pessoas mais felizes, já que ele conhecia a bondade e a beleza que havia nelas. Foi até a praça principal da cidade, subiu num banco e começou a falar. Velhos, mulheres espantadas, crianças, pararam um momento para escutá-lo, mas depois viraram as costas e retomaram seu caminho.

Yacob disse a si mesmo que não poderia mudar o mundo em um dia e não desanimou. No dia seguinte, à mesma hora, voltou ao banco da praça e continuou a lançar ao vento, com voz poderosa, as palavras mais comovidas do coração.

Um pequeno grupo, menor que no dia anterior, parou à sua volta. Alguns riram dele, alguém até o chamou de louco, mas ele não se importou. “As palavras que eu semeio, um dia vão germinar... um dia elas vão entrar no espírito das pessoas e elas vão acordar... eu preciso continuar contando”

Dia após dia ele ia até aquela praça, falando maravilhas, mas os curiosos foram cada vez mais raros, até que cegou um dia que ele contava estórias para as nuvens... ainda assim, ele não desistiu de seu propósito.

Muitos anos se passaram, até que num dia de inverno sentiu alguém puxando seu casaco. Quando olhou para trás viu uma menina que lhe disse:

- Será que você não percebe que ninguém escuta suas estórias? O que faz você desperdiçar assim sua vida?
- Um dia eu resolvi contar estórias para fazer as pessoas felizes.
- E elas estão felizes?
- Não, disse Yacob.
- Então porque você insiste? Perguntou a menina.
- Eu falo e continuarei falando até o último dia de minha vida. Antigamente, eu contava estórias porque queria mudar o mundo. Hoje, eu conto estórias para que o mundo não me mude.

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