Ilustração Maria Eugênia |
Os poderosos costumam ter um certo senso de invulnerabilidade. O sucesso ao longo da vida reforça a autoconfiança até o momento que turva a razão, fazendo com que se sintam invencíveis. Eles se entorpecem com a própria capacidade num fenômeno chamado inflação do Ego e começam a pensar que o que se aplica aos outros não se aplica a eles. Os poderosos se tornam arrogantes.
Ao se colocarem numa pretensiosa posição superior, perdem o contato com as coisas inferiores. É o inicio da queda. A arrogância antecede a ruína porque considera inofensivos riscos que poderiam ser prevenidos a tempo. Os poderosos ficam, desta forma, vulneráveis a detalhes inesperados que podem colocar a perder tudo aquilo que foi conquistado. Isso se resume num antigo ditado grego que diz: "quando os deuses querem destruir alguém eles primeiro o enaltecem", ou num outro chinês "um enorme navio pode afundar por causa de um pequeno vazamento". A Bíblia também cita em seus provérbios que "a soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda".
A experiência mostra que coisas menores, baixas e desprezadas, são justamente as tendem a acertar os poderosos em seu ponto fraco. Vejamos alguns casos:
Aquiles, o mais forte de todos os guerreiros, foi morto por uma flecha atirada a esmo que atingiu seu fragil calcanhar. A monarquia francesa caiu por revoltas que iniciaram com o aumento do preço do pão. Mike Tyson, no auge da carreira, foi nocauteado por Buster Douglas, um lutador de segunda categoria. Fernando Collor teve que renunciar à Presidência do Brasil por causa da compra de uma Fiat Elba. Antonio Palocci perdeu o cargo no Ministério da Fazenda em função do depoimento de um humilde caseiro. No Oriente Médio, governos totalitários ruiram por conta de movimentos sociais iniciados por ciadãos comuns. A operação lava-jato que abalou as maiores empreiteiras do Brasil, prendeu muitos dos maiores empresários e importantes políticos do país, iniciou com a investigação de notas frias emitidas por um posto de gasolina. Rupert Murdoch teve seu império posto em cheque por causa de um escândalo no jornal News of the World que representava menos de 1% de seus negócios. Dominique Strauss-Kahn, forte candidato à presidência da França, foi preso e perdeu a presidência do FMI porque uma camareira o acusou de tê-la estuprado num hotel de luxo. Em 2013 os políticos brasileiros enfrentaram protestos iniciados pelo aumento de R$0,20 nas passagens de ônibus e em 2020 o mundo inteiro parou por conta de um minúsculo e invisível virus.
Esses casos representam uma clássica estrutura arquetípica, que deveria ser considerada e estudada em profundidade pelos detentores de poder.
Ainda bem que os poderosos não sabem disso, caso contrário seriam eternos no poder!
ResponderExcluirCorte-se, pois, as últimas duas linhas da matéria!