Janeiro 2025
O surgimento do individualismo foi uma das maiores revoluções da civilização ocidental. Num mundo antes regido por coletividades, onde a identidade estava enraizada na família, na tribo e na tradição, a modernidade trouxe uma ruptura significativa ao colocar o indivíduo no centro da experiência humana. Essa transição, que se inicia no Renascimento e se consolida com a ascensão do Capitalismo, marca a passagem de sociedades hierárquicas para estruturas mais fluidas e pautadas pelo mérito e pela diferenciação pessoal.
Nas sociedades tradicionais, a identidade estava atrelada ao coletivo. O pertencimento a uma tribo ou a um grupo social determinava a posição de um indivíduo no mundo. A identidade era herdada, baseada no sobrenome, na ocupação da família e no respeito às tradições, ou seja, a comunidade oferecia um senso de pertencimento e suporte a indivíduo. A manutenção do status era fundamental, e a vida tinha sentido na continuidade da linhagem. O sucesso era medido pelo cumprimento do papel social estabelecido e pelo legado deixado para as próximas gerações.
Com a modernidade, a racionalidade se torna um valor predominante, e a emoção é relegada ao espaço privado. A felicidade, antes um conceito coletivo, passa a ser um objetivo individual. Isso resulta num novo dilema existencial. Na ausência de um propósito herdado, cada um precisa construir o seu próprio sentido de vida. Dessa forma, a busca pela felicidade e pela realização pessoal se tornam centrais na experiência moderna, mas também geram angústia e solidão.