Só se vive uma vez

Welcome to the YOLO Economy
por Kevin Roose
NY Times
publicado em abril, 2021


Esgotados e com dinheiro no bolso, alguns profissionais estão deixando empregos estáveis ​​em busca de aventuras pós-pandêmicas, ou pensando em largar o trabalho caso seus chefes não os permitam trabalhar quando e de onde quiserem.





Something strange is happening to the exhausted, type-A millennial workers of America. After a year spent hunched over their MacBooks, enduring back-to-back Zooms in between sourdough loaves and Peloton rides, they are flipping the carefully arranged chessboards of their lives and deciding to risk it all.

Some are abandoning cushy and stable jobs to start a new business, turn a side hustle into a full-time gig or finally work on that screenplay. Others are scoffing at their bosses’ return-to-office mandates and threatening to quit unless they’re allowed to work wherever and whenever they want.

They are emboldened by rising vaccination rates and a recovering job market. Their bank accounts, fattened by a year of stay-at-home savings and soaring asset prices, have increased their risk appetites. And while some of them are just changing jobs, others are stepping off the career treadmill altogether.

If this movement has a rallying cry, it’s “YOLO” — “you only live once,” an acronym popularized by the rapper Drake a decade ago and deployed by cheerful risk-takers ever since. The term is a meme among stock traders on Reddit, who use it when making irresponsible bets that sometimes pay off anyway. (This year’s GameStop trade was the archetypal YOLO.) More broadly, it has come to characterize the attitude that has captured a certain type of bored office worker in recent months.

Pandemia provoca revolução doméstica e cria hábitos que vieram para ficar

por Carolina Giovanelli
O Globo
Agosto 2021



Lá para o final de março do ano passado, boa parte do Brasil se viu recluso em casa por causa de um vírus recém-chegado ao país. Para quem estava acostumado a uma vida agitada, com deslocamentos rotineiros, a quebra de rotina — carregada pelo medo da pandemia — causou um choque. Aqueles que puderam se beneficiar do isolamento enfrentaram questões que partiram do tédio (já arrumei todos os meus armários, e agora?), passando pela solidão (tenho saudades dos meus amigos, e agora?) até chegar às dúvidas existenciais (acho que estou com depressão, e agora?). Depois de muitos divórcios, videochamadas, novos hobbies, sessões de terapia e uma crise sanitária que dura muito mais do que o esperado, as coisas foram se assentando. O que era compulsório ganhou tons voluntários. Parte da turma que torcia o nariz para um modo de vida mais caseiro acabou se acostumando: redescobriu o valor do lar e pretende seguir na toada doméstica.

A casa virou um palco onde os conflitos aparecem com mais frequência, pois não foi possível adiar as soluções de algumas questões internas, analisa o terapeuta Arnaldo Cheixas.

No começo fiquei meio doida, o dia todo em casa, lidar com a família, mas agora estou mais tranquila — diz a artista visual Gabrieli Gama.

Ela deixou a criatividade aflorar. Começou a fazer cliques de si mesma para treinar a fotografia, a praticar exercícios aeróbicos com vídeos no YouTube e a assar pães, este um clássico pandêmico. “Fico uns 15 minutos sovando a massa, desestressando.”

Passar a preparar a própria comida foi um dos hábitos adquiridos nesse período de transformações drásticas que vieram para ficar. O bibliotecário carioca João Marco Luz, de 29 anos, se considera um “crítico” de feijão, mas dos outros, porque nunca havia tido coragem de usar a panela de pressão para preparar o prato. Com o contrato de trabalho suspenso, João, que sabia “no máximo fazer um macarrão”, aproveitou o tempo livre para se aventurar na cozinha. O feijão saiu saboroso. Depois, o rapaz se arriscou na picanha na cerveja, no peixe de forno...

Os Poetas e a Leitura da Realidade

por Dado Salem


“Só é poeta o homem que possui a faculdade de ver os seres espirituais que vivem e brincam em torno dele.” Nietzsche


                                          vista da cabana de Wittgenstein em Skjolden, Noroega

O estudo comparado de mitos indica que houve, logo após a pré-história, uma visão ética comum em toda a humanidade: O ser humano era considerado um microcosmo e deveria viver em harmonia com o macrocosmo.

 

A consciência dava ao ser humano a possibilidade de perceber a beleza da natureza e do sistema em que estava inserido. Tudo era uma coisa só, tudo estava interconectado. Nada escapava à imensa rede da vida, da qual o homem era apenas um fio. Tudo o que fizesse a esse tecido faria a si mesmo. A consciência diferenciava o homem dos outros seres, mas também dava a ele uma missão: ser o mantenedor, o guardião disso para as gerações seguintes. O ser humano não era dono da terra, ele fazia parte dela, não devia portanto explorar ou mandar na natureza, mas sim respeitá-la, reverenciá-la, aprender com ela para viver bem e em harmonia com os outros seres. O canto e a dança faziam parte do banquete que os homens ofereciam aos deuses para celebrarem a vida, que era considerada uma dádiva.

 

No entanto, o poder da consciência também nos oferecia a possibilidade de agirmos como substitutos de Deus ou, de viver de acordo com nossos interesses específicos e particulares. Essa pretensão era considerada em muitas tradições como a decadência do homem, pois isso significaria uma desarmonia do equilíbrio cósmico, um rompimento com as potências que regem o Universo e a nós mesmos, representadas pelas divindades e arquétipos.

 

No Egito antigo, no Oriente, nas tribos africanas e em todos povos e civilizações pré-Colombianas, os líderes eram seres humanos com uma cosmovisão, uma consciência superior que lhes dava a capacidade de ler e interpretar a ordem que agia como “pano de fundo” da vida. A função deles era transmitir essa visão de mundo para a sociedade e procurar fazer com que todos vivessem de acordo com essas Leis não escritas porque, tudo o que prosperava ou fracassava estava ligado à obediência ou infração delas. Sem essa cosmovisão as coisas tendiam a não ir tão bem.