Otimistas, Pessimistas e a Visão de Futuro

Por Dado Salem
Outubro 2019

O futuro pode ser colorido e brilhante. Ou embaçado e escuro. Depende de quem vê. Mas como se forma esta ou aquela visão?



Foi buscando respostas para essa questão que o filósofo Fred Polak se tornou uma figura emblemática, embora injustamente desconhecida, de um campo de conhecimento de grande relevância atualmente: o Estudo do Futuro (Future Stidies).

Nos anos 50, Polak foi Professor Senior do então recém-criado Centro de Estudos Avançados em Behavioural Sciences na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Muitas pessoas que viveram aquele momento em que se iniciou o que se chama hoje de Estudo do Futuro atribuem a Polak e suas teorias algumas das pedras fundamentais desse importante movimento do pensamento humano.

Dr. Polak, como era chamado, era uma pessoa interessantíssima. Diziam os amigos que jantar com ele e sua mulher, ou passar um tempo conversando com eles, era das melhores coisas que alguém poderia fazer. Graduado em Direito e Economia, Polak, por ser judeu, passou anos num esconderijo durante a 2a Guerra Mundial. Foi onde escreveu sua tese de doutorado em Filosofia.

As flores do amanhã

Por Dado Salem
Outubro 2019



Mesmo sabendo da nossa capacidade de intervir na realidade e criar o futuro, um certo medo se estabeleceu no imaginário coletivo. O futuro já não é o que foi. Uma tragédia parece estar por vir e o pessimismo virou senso comum. 

As mudanças climáticas vão tornar a vida no planeta mais difícil, a economia entrará em crise permanente, os empregos serão mais precários e difíceis de conseguir, os benefícios sociais serão reduzidos, a desigualdade aumentará, a transformação digital destruirá muitas empresas. Ressurge a ideia de que o capitalismo com seu poder de auto destruição será conduzido ao colapso. 

As evidências desse desassossego se multiplicam. No Brasil, um dia considerado o “país do futuro”, hoje se diz que o futuro passou. O escritor angolano José Eduardo Agualusa publicou seu “kit de sobrevivência para o fim do mundo” e a jovem ativista sueca Greta Thunberg protesta que o futuro de sua geração está sendo destruído. 

A psicologia do século XX demonstrou que, além dos instintos, nossa visão da realidade e comportamentos, em muitos casos, estão relacionados às experiências formativas que tivemos na infância. Mas diante do que estamos vivendo e observando, podemos dizer que o futuro tem nos atormentado muito mais do que o passado. A imagem que temos do futuro é possivelmente o fator mais significativo para determinar nossas atitudes. 

Por exemplo, se achamos que o futuro será pior que o presente, um desânimo toma conta da gente, nossos sonhos e projetos são desfeitos ou deixados de lado, entramos no modo de sobrevivência e adotamos uma postura defensiva perante a vida. Por outro lado, se vemos o futuro de forma positiva, somos impulsionados a realizar nossas idéias e desejos, exercendo nossa criatividade.

Em um ano, 1,2 milhão de trabalhadores passam a gerar renda em casa

por Cássia Almeida e Naíse Domingues
O Globo
Outubro 2019




Desde o primeiro trimestre de 2018, mais 1,2 milhão de pessoas passaram a usar a própria casa como local de trabalho. Já são 4,5 milhões de brasileiros nessa situação, de acordo com estudo da consultoria IDados a partir de estatísticas do IBGE. O crescimento é explicado principalmente pela crise prolongada do mercado de trabalho, que ainda gera poucos empregos formais, mas também reflete as facilidades trazidas pela tecnologia para eliminar o tempo e o dinheiro gasto com transporte e alimentação fora de casa.

O teletrabalho ajudou a técnica em administração Karen Luz, de 24 anos, a aumentar a poupança da família para a casa própria. Com carteira assinada, trabalha remotamente para uma empresa de telecomunicações enquanto toca sua própria marca de doces artesanais. Ao passar a trabalhar em casa, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, deixou para trás a rotina diária de três horas no trem e no metrô para ir à empresa, no Centro.

— O que ganho com os doces ainda não dá para os gastos. O mercado é bem oscilante, e preciso de estabilidade. Tenho meu filho que precisa de mim — diz Karen, que ainda cursa faculdade de Administração.