O perigo do líder centralizador


por Dado Salem





Sabemos que tomar uma decisão sozinho é mais fácil que em grupo. O psicólogo José Ernesto Bologna consumada dar o seguinte exemplo: se você quiser ir ao cinema basta entrar na internet, escolher o filme e comprar o ingresso. Agora tente fazer isso num grupo de 8 pessoas. Um prefere drama, outro filme europeu, um terceiro não pode naquele horário, um quarto já assistiu o filme, e por ai vai. Essa simples tarefa pode demorar horas e provocar muita discussão. 

Mas quando falamos de decisões complexas a coisa pode ser bem diferente.

Um ambicioso pedreiro

Desde os primórdios da humanidade a sabedoria é transmitida por meio de histórias. Essas narrativas, que são modificadas ao longo do tempo e de acordo com a inspiração do contador, possuem a capacidade de ficar guardadas dentro de nós, e quando precisamos, de alguma forma elas brotam na consciência. 

Um dos maiores tormentos do ser humano é o desejo de ser uma coisa diferente do que é. Como costuma-se dizer, o fruto do vizinho parece mais saboroso. Esse conto milenar chinês mostra com simplicidade e inteligência o que pregavam os filósofos gregos: conhece-te a ti mesmo e torne-te quem és!























ilustração: Maria Eugênia
publicado em Contos Populares Chineses vol.1
Landy Editora (2001)



Há muitos anos, na terra de zhuang, havia um pedreiro muito habilidoso cuja fama até já tinha chegado às regiões vizinhas.

Um dia, um homem muito rico mandou-o fazer uma obra. O pedreiro, quando lá chegou, ficou extremamente impressionado com o luxo que havia naquela casa, nas vestimentas e nas sedas e brocados, na mesa repleta dos mais diversos e saborosos petiscos, na quantidade de empregados etc. Invejoso, abandonou o trabalho e só pensava na maneira de vir a ser, ele também, um homem muito rico.

Curriculum: Dicionário semântico histórico de termos econômicos


Todos temos talentos, mas algumas pessoas costumam ser mais valorizadas que outras. Quais são os curriculuns mais requisitados? Vejamos o que um rápido mergulho na origem dessa palavra tem para revelar...





















ilustração: Maria Eugênia

Curriculum: Palavra latina que significa corrida, originada em curro, correr. Associada a currus, cavalos que puxam um carro. Quando falamos de recursos humanos de certa forma nos referimos a cavalos de corrida. Essa idéia é reforçada não apenas quando observamos a vida apressada dos executivos, mas também quando percebemos que outros termos da vida profissional carregam o mesmo sentido. Carreira é um exemplo inequívoco. Mas as coincidências não param por aí. O coach, figura tradicional das praticas esportivas e cada vez mais difundido no meio executivo, não por acaso tem sua origem no cocheiro – treinador de cavalos. Platão explica no diáligo Fedro que dentro de nossa alma carregamos um puro sangue e um pangaré. Segundo ele, o desenvolvimento do ser humano depende de conseguirmos administrar bem essa relação. Lidar com pessoas numa empresa significa portanto extrair o melhor de cada um e procurar controlar o seu pior. Os curriculuns mais requisitados costumam ser aqueles de pessoas rápidas, ágeis, resistentes e que tem espírito, como os cavalos puro sangue. Já os pregiçosos, de difícil trato, burocráticos, que vivem empacando as coisas, acabam encontrando dificuldades na carreira.

Capital: Dicionário semantico histórico de termos econôminos


por Dado Salem

As palavras têm histórias multi-milenares. Iniciam quando o ser humano emitiu os primeiros sons, passam por civilizações arcaicas e medievais até chegarem ao uso atual. Uma das questões que mais mobiliza a linguística é a mudança de significado que as palavras sofrem ao longo do tempo. Algumas têm seu significado tão transformado que para traduzir o sentido original é necessário reconstruir o contexto histórico. Nesse estudo procurei investigar o significado de algumas “palavras-chave” do economês. Dizem os filólogos que esses termos costumam representar a sociedade. O objetivo foi fazer uma introdução ao significado histórico das palavras que permeiam nossa vida econômica. A abordagem que utilizei se afasta da racionalidade e da exatidão teórica dos modelos econômicos, mas veremos que por meio de uma linguagem mais misteriosa e imprecisa é possivel revelar conceitos esquecidos que nos permitem saber melhor quem fomos, reconhecer quem somos e assim refletir sobre nosso futuro.


                                                                                                             











Ilustração: Maria Eugênia


Capital: véu que sacerdotisas traziam na cabeça durante sacrifícios.

Vida acelerada e o excesso de informação


por Dado Salem

                                                                                                  ilustração: Maria Eugênia
                                                                                 
"Estou tão acelerada que começo uma conversa ao telefone e depois logo quero desligar e focar em outra coisa". "Faltam horas no meu dia. Estou sobrecarregado, e com as mudanças acontecendo na empresa, as coisas estão piorando". "Recebo e-mails demais, não dou conta de responder". 

Lembra quando não existia celular, email, sms, facebook e smartphones? Não faz muito tempo. Saíamos para almoçar com tranquilidade, conversavamos sem interrupções, depois voltavamos caminhando lentamente para o trabalho para resolver as coisas que faltavam. As 18:00hs já estavamos indo para casa. Essa vida acabou, pelo menos nas metrópoles.

Ninguém mais anda devagar nos grandes centros. Todos se movimentam o mais rápido possível para dar conta do que fazer. O psicólogo Robert Levine conta em Geography of Time que conduziu uma pesquisa em 31 países para medir a velocidade das pessoas caminhando nas ruas. Nos últimos anos a velocidade média subiu de 4,78 km/h para 5,26 km/h. Segundo ele, é prova inequívoca de que o ritmo de vida está acelerando.

O que há por trás da compra compulsiva

por Dado Salem



''Consigo ficar alguns dias sem entrar em lojas e visitar sites de produtos na internet, mas depois disso a ansiedade aumenta e preciso comprar alguma coisa. [...] Quando chego em casa e vejo um pacote na entrada junto com as cartas, é como se estivesse recebendo um presente". Confissão de um comprador compulsivo.

Todos compramos por algum motivo, mas cerca de 7% das pessoas não conseguem controlar o desejo de comprar e gastam dinheiro com intuito de aliviar a ansiedade. Homens tendem a adquirir coisas mais caras, geralmente equipamentos tecnológicos. Mulheres compram coisas mais baratas, na maioria roupas, acessórios e produtos de beleza.

De onde vem a compra compulsiva? Aqui vão algumas hipóteses:


O workaholic e o apaixonado: formas diferentes de trabalhar muito

por Dado Salem
Fevereiro 2012






Existem dois tipos de pessoas que trabalham com intensidade: o workaholic e o apaixonado pelo que faz. 


O workaholic tem, em muitas situações, uma forma negativa de se relacionar com o trabalho. Apesar de trabalhar mais que os outros e muitas vezes superar o resultado esperado, ele gera uma série de problemas para quem está à sua volta, na empresa e fora dela. Pesquisas identificam que os workaholics costumam ter mais conflitos pessoais, são menos satisfeitos com o que fazem, levam mais problemas de casa para o trabalho e vice-versa, estabelecem relações piores que a média das pessoas e, além disso, tendem a ser mais insatisfeitos com a vida. 

Ciclos de vida: A crise dos 40 na empresa familiar


por Boris Frenk e Dado Salem

Assim como no desenvolvimento humano individual, os quarenta anos constituem um momento particularmente sensível na vida das empresas, e especialmente nas empresas familiares, os quarenta anos são também um ponto de transição importante, muitas vezes vital para a sobrevivência dessas organizações.

Empresas familiares são formadas por pessoas com vínculos afetivos intensos e íntimos. Estes vínculos podem ser a razão da existência da empresa, mas podem também ser a razão de seu fim, se não forem elaborados e canalizados criativamente. Estudos mostram que ao redor dos quarenta anos de existência a empresa familiar atravessa uma importante crise, resultado do entrelaçamento de ciclos de vida dos indivíduos envolvidos na empresa.

A crise dos 50 - profissionais experientes em transição de carreira


por Dado Salem

                                                                                         ilustração Maria Eugenia



Ao redor dos 50 anos, executivos experientes e bem sucedidos podem viver uma transição forçada em suas carreiras, desafio para o qual, em geral, não se preparam. Nesse momento, a vida tende a fazer com que se deixe de trabalhar para os outros e se comece a trabalhar para si mesmo, como consultor ou empreendedor.

Celebridades e sapatos no cérebro feminino

por Dado Salem


Existem 4 tipos de endossos em campanhas publicitárias: o do especialista, o do presidente da empresa, o do consumidor comum e o da celebridade. Este último é o mais eficaz, por esse motivo é tão comum vermos pessoas famosas sendo utilizadas para alavancar a venda de produtos. Nos Estados Unidos, uma em cada 4 campanhas usa celebridades para algum tipo de endosso (1). 

Essa prática não é nova. Dizem que teve início no século XVI quando um fabricante de porcelanas na Inglaterra desenvolveu uma linha para uso da Rainha Charlotte e foi nomeado "Potter to Her Majesty". A Queensware China, como ficou conhecida, se tornou um sucesso imediato de vendas.

Pesquisas científicas recentes revelaram que o efeito da fama em produtos é uma espécie de toque de mágica. Não há necessidade de palavras (2). Basta colocar a imagem do produto ao lado do personagem para que aconteça uma imediata e duradoura transferência de atributos positivos da celebridade para o produto. Uma única e rápida exposição é suficiente. Veja os exemplos abaixo: