O prazer do agora

Por Dado Salem
Novembro 2024




Há momentos na vida em que o movimento cessa. Não porque perdemos algo, mas porque encontramos. É como se a agitação do mundo, com seus convites para viajar, jantar fora ou buscar algo além, perdesse o apelo diante do que já temos e somos. 

Perder esse desejo é uma escolha de permanecer. De estar onde estamos. É encontrar prazer naquilo que já faz parte da nossa vida, no que antes parecia comum. Fazer um café pela manhã, preparar a própria comida, realizar um trabalho com atenção, uma pausa para ler um livro, um passeio no jardim, mergulhar no mar, ou mesmo no silêncio de um dia sem planos. É como descobrir que a jornada mais longa e transformadora não exige passaporte ou reservas em hotéis e restaurantes. É encontrar no presente e no que já está ao nosso alcance, as respostas que antes buscávamos em outros lugares.

O ser humano e seu propósito

por Dado Salem
Novembro 2024



O ser humano possui um papel único. Diferente dos outros seres da natureza, que agem fundamentalmente de maneira instintiva, temos a capacidade de criar com intenção. As civilizações tradicionais diziam que essa habilidade nos dá o poder de intervir na natureza, mas também a responsabilidade de usar nossos talentos para protegê-la e colaborar com seus processos, em vez de simplesmente dominá-los e explorá-los sem considerar as consequências para as próximas gerações.

No entanto, nossa trajetória demonstra uma desconexão com esse propósito. Ao invés de exercer nosso papel com responsabilidade, direcionando nossas ações para preservar a natureza e garantir seu bem-estar no futuro, seguimos uma postura exploratória e predatória. Esse comportamento tem resultado na extração desenfreada de recursos, destruição de ecossistemas, aquecimento global e perda de biodiversidade, efeitos de nossa desconexão com os princípios naturais. 

Navegando a complexidade... como encontrar sentido num mundo caótico

Por Dado Salem
Novembro 2024

Ao longo dos últimos 12 anos, a cada 2 ou 3 meses, costumo me reunir com um grupo de Pensamento Sistêmico. Nosso mestre, facilitador das conversas, é Saul Fuks. O que relato a seguir foi um dos presentes que Coco (para os íntimos) nos deu.


Vivemos tempos complexos, onde a busca por sentido se entrelaça com as rápidas mudanças globais e os desafios individuais. É impossível não sentir o peso das questões que emergem tanto no cenário mundial quanto nas nossas vidas cotidianas. Falamos de guerras, hackers, grandes empresários interferindo no mundo político, inteligência artificial, crise climática... uma trama que revela a fragilidade e a potência da condição humana.

A guerra, por exemplo, nos coloca diante de um espelho histórico que parece se repetir. Quando olhamos para o presente, com suas tensões nucleares e confrontos ideológicos, há um eco inquietante do que vivemos no passado. Será que aprendemos algo desde os anos sombrios de 1933 ou 1945? Ou estamos condenados a repetir os mesmos erros, embalados por discursos nacionalistas e pelo poderio bélico? Hoje, o cenário é ainda mais complexo. Atores não governamentais, como hackers e grandes empresários, jogam suas peças no tabuleiro, alterando o curso de conflitos sem sequer estarem à mesa de negociação. As novas dinâmicas do poder global nos fazem questionar até que ponto temos controle sobre nossos próprios destinos.