Pós-verdade, a palavra do ano de 2016 segundo Oxford Dictionaries

Oxforddictionaries.com
Novembro 2016
Traduzido por Dado Salem



Depois de muita discussão, debate e pesquisa, a palavra do ano de 2016 do Oxford Dictionaries é Pós-Verdade - um adjetivo definido como "relacionado ou denotando circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crença pessoal". Por que ela foi escolhida?


O caso de legalizar a profissão mais antiga do mundo

por Peter Singer, Professor de Bioetica na Princeton University e Laureate Professor na Universidade de Melbourne
Project Syndicate
Novembro 2016
Traduzido por Dado Salem



O trabalho sexual é, como se diz, a profissão mais antiga do mundo - exceto que o ditado usa "prostituição" em vez de "trabalho sexual". A mudança para um termo menos pejorativo é garantida por uma mudança nas atitudes em relação aos profissionais do sexo que contribuíram para a decisão da Anistia International em maio de pressionar governos a revogarem leis que criminalizam a troca consensual de sexo por dinheiro realizada entre adultos.

O apelo da Anistia Internacional foi atingido por uma tempestade de oposições - parte delas vindo de pessoas que evidentemente não conseguiram distinguir entre a indústria do sexo como um todo e o tráfico de seres humanos que, em muitos países, é uma realidade trágica. Ninguém quer legalizar coerção, violência ou fraude na indústria do sexo, nem o uso de profissionais do sexo que não são adultos. Mas algumas organizações que lutam contra o tráfico entendem que, quando o trabalho sexual é ilegal, é muito mais arriscado para os profissionais do sexo queixarem-se às autoridades quando são escravizados, espancados ou enganados. Por esse motivo, o Secretaria Internacional da Aliança Global Contra o Tráfico de Mulheres aplaudiu a Anistia Internacional por apoiar a descriminalização.

Sobre o triunfo de Trump e o ponto cego que o criou

por Otto Scharmer Co-fundador u.lab, Professor Sênior do MIT
Novembro 2016
Traduzido por Dado Salem




Entramos num momento decisivo não só na América, mas também globalmente. É um momento que poderia nos ajudar a despertar para um nível mais profundo de consciência coletiva e renovação - ou um momento em que poderíamos cair numa espiral rumo ao caos, à violência e condições semelhantes ao fascismo. Se é um ou outro depende de nossa capacidade de tomar consciência de nosso ponto cego coletivo.

A eleição de Donald Trump como o 45o presidente dos Estados Unidos emitiu ondas de choque através do planeta. Numa repetição do Brexit, uma coalizão de brancos, homens e mulheres de classe trabalhadora (e de classe média) de áreas principalmente rurais elegeu um candidato anti-establishment para o cargo de presidente. Mas a eleição de Trump não é um dado marginal: basta olhar para a ascensão global de homens fortes como Vladimir Putin, Recep Erdogan, Viktor Orban e Rodrigo Duterte e a onda de outros populistas de direita.

Por que o país mais rico e próspero do mundo elegeu um candidato que nega as mudanças climáticas, que usou linguagem racista, sexista, misógina e xenófoba durante toda sua campanha? O que nos faz colocar alguém como ele na Casa Branca? Por que criamos uma eleição presidencial entre dois dos candidatos mais detestados de todos os tempos, Donald Trump e Hillary Clinton? Por que Trump, que mentiu e atacou minorias, jornalistas, mulheres e deficientes, só se tornou mais forte ao longo da sua campanha? Qual é o ponto cego que nos impediu de ver e mudar as forças mais profundas em jogo? Por que, repetidas vezes, criamos coletivamente resultados que a maioria das pessoas não quer?