Pobre mas feliz? Aristóteles, os estóicos e os bens externos
Por Gabriele Galluzzo
modernstoicism.com (Gregory Sadler)
tradução Dado Salem
Junho 2017
Podemos ser felizes sem dinheiro, poder político, boa
aparência, etc.? Podemos, em outras palavras, ser felizes sem bens
externos, isto é, as coisas externas que podemos adquirir e que parecem
contribuir para a nossa prosperidade? Ninguém negará que estas são questões
importantes, talvez vitais, para nós hoje, e para os tempos em que vivemos. Mas
a questão do papel desempenhado pelos bens externos na felicidade humana também
foi muito debatida na filosofia antiga. As respostas diversas
oferecidas pelos filósofos antigos certamente podem contribuir para as
discussões modernas, além de serem interessantes em si mesmas.
Hoje, eu gostaria de considerar duas respostas antigas ao
problema dos bens externos, em Aristóteles e os estóicos. Em poucas palavras, Aristóteles
acredita que não podemos ser felizes, sem pelo menos alguns bens externos,
enquanto os estóicos insistem que podemos. Embora Aristóteles e os estóicos
ofereçam respostas incompatíveis ao problema dos bens externos, seria enganoso
ignorar seus pontos de partida e antecedentes comuns. Tanto Aristóteles como os
estóicos são, em certa medida, herdeiros de uma tradição (socrática) que
identifica a posse e o exercício das virtudes (coragem, autodomínio, justiça,
bom senso, etc.) com a plena expressão de nossa natureza como seres humanos,
Isto é, com a plena expressão de nossa racionalidade.