“Só é poeta o homem que possui a faculdade de ver os seres espirituais que vivem e brincam em torno dele.” Nietzsche
O estudo comparado de mitos indica que houve, logo após a pré-história, uma visão ética comum em toda a humanidade: O ser humano era considerado um microcosmo e deveria viver em harmonia com o macrocosmo.
A consciência dava ao ser humano a possibilidade de perceber a beleza da natureza e do sistema em que estava inserido. Tudo era uma coisa só, tudo estava interconectado. Nada escapava à imensa rede da vida, da qual o homem era apenas um fio. Tudo o que fizesse a esse tecido faria a si mesmo. A consciência diferenciava o homem dos outros seres, mas também dava a ele uma missão: ser o mantenedor, o guardião disso para as gerações seguintes. O ser humano não era dono da terra, ele fazia parte dela, não devia portanto explorar ou mandar na natureza, mas sim respeitá-la, reverenciá-la, aprender com ela para viver bem e em harmonia com os outros seres. O canto e a dança faziam parte do banquete que os homens ofereciam aos deuses para celebrarem a vida, que era considerada uma dádiva.
No entanto, o poder da consciência também nos oferecia a possibilidade de agirmos como substitutos de Deus ou, de viver de acordo com nossos interesses específicos e particulares. Essa pretensão era considerada em muitas tradições como a decadência do homem, pois isso significaria uma desarmonia do equilíbrio cósmico, um rompimento com as potências que regem o Universo e a nós mesmos, representadas pelas divindades e arquétipos.
No Egito antigo, no Oriente, nas tribos africanas e em todos povos e civilizações pré-Colombianas, os líderes eram seres humanos com uma cosmovisão, uma consciência superior que lhes dava a capacidade de ler e interpretar a ordem que agia como “pano de fundo” da vida. A função deles era transmitir essa visão de mundo para a sociedade e procurar fazer com que todos vivessem de acordo com essas Leis não escritas porque, tudo o que prosperava ou fracassava estava ligado à obediência ou infração delas. Sem essa cosmovisão as coisas tendiam a não ir tão bem.