Julho 2020
Sociedades são construídas porque não somos auto-suficientes. Precisamos uns dos outros para suprir o essencial da vida. Partindo das nossas necessidades mais simples como alimentação, moradia e vestuário, desde tempos imemoriais o ser humano foi se especializando ao invés de fazer sozinho tudo o que necessita para viver. Platão descreve isso muito bem no Livro 2 da República .
As profissões de ferreiros, carpinteiros, agricultores, construtores, oleiros, pastores, comerciantes, guardiões, músicos, medicos, professores e artifices de uma infinidade de produtos, existem desde muitos milênios antes de Cristo. Juntos representam um complexo sistema interdependente, complementar e cooperativo de troca de talentos que formaram as civilizações.
Curiosamente a palavra talento tinha o duplo sentido de aptidão e dinheiro. O talento foi provavelmente a mais antiga unidade de trocas comerciais que se tem notícia. Em 4000 antes de Cristo na Mesopotamia o talento foi introduzido como uma unidade de peso e foi posteriormente adotado por Sumérios, Babilônios, Fenícios e Hebreus. Na Grécia antiga, onde essa unidade também foi adotada, um talento representava o valor em ouro de um boi .
As palavras têm histórias multi-milenares e muitas vezes para compreender seu sentido original é necessário reconstruir o contexto histórico.
Segundo a cultura da época, a natureza tem uma racionalidade e todo ser humano nasce com inclinações para desempenhar determinada atividade. Deveria portanto seguir essa razão e se esforçar para desenvolver seus talentos ao máximo a fim de executar aquela função com perfeição, desta forma, sendo quem nasceu para ser, atingiria uma vida plena e realizada. Tinham como ideal que se toda cidade se relacionasse dessa forma, chegariam à plenitude individual e coletiva.