O desempenho de curto prazo de uma ação depende de... quão facilmente você consegue dizer o nome dela!
Por Marcos Eduardo Elias
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Via de regra sirvo aqui idéias de trading para o dia. Mas hoje vamos falar brevíssimamente sobre como as camadas cerebrais inacessíveis ao cérebro consciente influenciam cabalmente nossas decisões de investimentos.
Por mais exótico que nos possa parecer, o que lhes trago aqui já é mainstream, ou seja, é tido como um conhecimento amplamente aceito por pesquisadores e especialistas correlatos.
Estudo realizado por Adam Alter, PhD em psicologia pela Universidade de Princeton, e por Daniel Oppenheimer, professor de psicologia da UCLA, atesta que o desempenho de curto prazo de uma ação é amplamente influenciado por quão fluentemente os investidores do mercado financeiro conseguem dizer seu nome (ou ticker, abreviação do nome para trading em bolsa). E isso porque as pessoas tendem a preferir processar informações que lhes são fáceis.
Considerem IPOs (initial public offerings). Nesse momento as ações de empresas (até então de capital fechado, ou seja, de certa forma pouco conhecidas pelo público) estão sendo expostas pelos seus inteligentíssimos e atraentes managers e founders ao público investidor. Se houver forte demanda pelos papéis, o desempenho de curto prazo será positivo (pois nem todos investidores serão inicialmente atendidos e procuraram comprar esses títulos de outros investidores, no mercado secundário (aka Bolsa).
No longo prazo, o efeito da fluência do nome ou do ticker decai, e fotos e perspectivas mais amplas, também econômica, financeira e operacional, passam a preponderar. Ah, entendi! Você não acredita nisso, certo? Vejam os dados compilados em forma gráfica:
Desempenho real das ações com tickers pronunciáveis e não-pronunciáveis, para 1 dia, 1 semana, 6 meses e 1 ano após début de mercado. A tendência persiste até 1 ano, embora o efeito diminua. Este estudo considerou o período entre 1990 e 2004, para a NYSE.
Você não acredita nos dados coletados na New York Exchange. Ok, então tomemos a AMEX. Acima!
Detalhe: nem um único sujeito dentre os milhares de investidores entrevistados, para as épocas em que as pesquisas foram aplicadas, se mostraram conscientes que de haviam escolhido determinada ação por conta de sua facilidade de fluência do nome.
Em conclusão, se o mercado é ambiente restrito aos economistas e analistas financeiros, devemos aceitar a incapacidade de prever variações de curto prazo no preço das ações. Seriam previsíveis apenas no longo prazo? Mostro em próximos M&S, que também por questões do cérebro inconsciente, economistas e financistas são incapazes do feito. Entretanto, com o advento da economia comportamental nos anos 1970s, a teoria psicológica nos mostra potencial para informar-nos desse pensamento econômico.
E não é só a fluência do nome. Investidores compram mais quando estão de bom humor. Os mercados performam melhor em dias ensolarados. Pessoas preferem investir em mercados locais do que internacionais.
Aconselho a todos a compra do livro Subliminar, de Leonard Mdolinow. Confesso que o sobrenome do autor não deve estimular as vendas!
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